quarta-feira, 24 de março de 2010

INAUGURADO RELÓGIO DO CENTENÁRIO DE JUAZEIRO

Desde a noite de ontem que os eventos em torno do aniversário de 166 anos de Padre Cícero se multiplicaram para hoje chegarem ao final. Na véspera do aniversário do sacerdote, a festa começou as 18h30min com a inauguração do relógio remissivo que assinala os dias que faltam para os 100 anos do Centenário de Juazeiro. O equipamento foi colocado na Praça Padre Cícero bem na esquina do cruzamento entre as ruas São Pedro e São Francisco.
Nele, além dos números digitais, está uma espécie de urna conjugada no totem para que as pessoas possam depositar seu recado ou mensagem a serem divulgados por ocasião do Centenário, em 22 de julho de 2011. O relógio foi feito pelo técnico barbalhense, Gessimar Soares Mota, que ganhou elogios do Secretário de Turismo e Romarias, José Carlos dos Santos, a exemplo da arquiteta Gisele Nunes responsável pelo projeto, bem como as obras estruturantes do Complexo do Centenário.A construção do totem onde o relógio foi montado foi feita pela Top Midia.
No seu discurso, ele lembrou a Praça Padre Cícero como palco da independência de Juazeiro com o grito dado pelo padre Alencar Peixoto na luta por um lugar livre, autônomo e emancipado. Segundo disse, o Centenário vai procurar homenagear esses valores do decorrer da nossa história. O vice-prefeito José Roberto Celestino também apontou àquela praça como local de grandes encontros e manifestações não só relacionados com a emancipação.(Foto e texto de Demontier Tenório)

terça-feira, 16 de março de 2010

ESCOLHIDA LOGOMARCA DO CENTENÁRIO


A proposta vencedora e que se tornará a logomarca oficial do Centenário de Juazeiro do Norte é de um artista plástico do município. Cícero Reginaldo Farias da Silva, de 37 anos, residente na Rua Todos os Santos, 334 (Centro) concorreu com mais 85 proposições oriundas de São Paulo, Fortaleza, Recife, Juazeiro, Crato e outras localidades. Reginaldo não escondeu a alegria da vitória e o orgulho de ter uma arte sua escolhida para uma festa tão importante como a dos 100 anos de Juazeiro. Doravante, o trabalho dele vai figurar em todas as peças referentes às comemorações que estão sendo preparados pelo município.
Reginaldo explica a concepção da logomarca a partir da utilização da estátua de Padre Cícero como destaque. Segundo ele, a cor dourada do número 100 enfatiza a grandiosidade, importância e beleza do evento que representará um marco na história de Juazeiro. Quanto ao laço que contém a inscrição “Centenário de Juazeiro do Norte”, diz representar a união de vários elementos como a reprodução da ladeira do Horto, as fitas utilizadas pelos romeiros e a lembrança da hospitalidade dos juazeirenses.
Explica ainda que a fita vermelha sugere um laço que “abraça apaixonadamente” todas as imagens da logomarca, indicando que Juazeiro está sendo reverenciado e cuidado com dedicação. Uma das imagens envolvidas pelo laço, conforme Reginaldo, remete à linha do tempo com referências ao Juazeiro primitivo, a Igreja Matriz, um cruzeiro indicando a religiosidade e dois pés de Juazeiro, árvore que deu nome à cidade. Os envelopes foram aberto pela comissão no dia 4 de março na Casa Paroquial.
Antes, o advogado Jônio Sampaio teceu comentários e deu explicações sobre o edital. A comissão não teve acesso aos nomes dos candidatos na hora de analisar cada proposta. Algumas delas foram desclassificadas previamente por não atender a todas as exigências. O presidente da comissão, Geraldo Menezes Barbosa, coordenou os trabalhos que durou um dia inteiro. Já o Secretário de Turismo e Romarias, José Carlos dos Santos, manifestou satisfação mediante a quantidade e o nível das propostas.(Demontier Tenório)

sexta-feira, 5 de março de 2010

O CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE - Paulo Machado


O CENTENÁRIO DE JUAZEIRO DO NORTE

Comemorar o CENTENÁRIO DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE JUAZEIRO DO NORTE é dar um mergulho na história política do Cariri no início do século XX. É estimular os munícipes a cultuarem os vultos que fizeram a nossa História e levá-los a refletir sobre o passado histórico, que culminou com a publicação da Lei 1.028, de 22 de julho de 1911 que criou o Município de Juazeiro do Norte.
A proclamação da emancipação não se operou da noite para o dia. Ela resultou de um longo e doloroso processo marcado pelo impulso daqueles que a pregavam. O Início seguramente não teve um caráter nitidamente popular. Esta participação, entretanto, surgiu como não poderia ser diferente estimulado pelas forças políticas local, os comerciantes, a imprensa, as elites, os intelectuais que tinham no “O REBATE” um instrumento eficaz para divulgar ideais libertários, tornando inevitável uma confrontação com o Crato no campo político que significou um avanço em direção ao desmembramento do Juazeiro do território cratense.
Marcado pela égide do progresso crescente no início do século XX, pautou o Juazeiro suas questões com vistas a esse paradigma. Naquela fase inicial avultam como importantes para o estudo da formação política de Juazeiro os números do “O REBATE”. Este Jornal, nos legou, através dos seus artigos, um impressionante painel histórico do Juazeiro e do Cariri, que traduz e espelha uma estrutura de poder típica de uma época marcada pela instabilidade política. Ler “O REBATE” é deixar-se transportar para o ambiente dos conflitos que decidiram os rumos da História Política de Juazeiro e do Cariri. Em retrospecto, é ver que a emancipação pode ser analisada, no Juazeiro, preponderantemente e superficialmente por duas vertentes. Por um lado a luta inspirada basicamente na retórica audaz do Padre Peixoto que fez até sérios apelos às armas no “O Rebate”, que não chegou a se consumar; mas que, profundamente, conseguiu despertar, estimular e mobilizar os sentimentos da população de Juazeiro. De outro, a voz serena do Padre Cícero que, ao atuar ali com agudo espírito de moderação, conduzia diplomaticamente a emancipação pelo lado político. Esse dualismo evidencia, apenas, a coragem do Padre Peixoto e a diplomacia do Padre Cícero no refinamento do impulso cívico do povo do Juazeiro que laborou e apoiou a tarefa de defendê-la. O Padre Alencar Peixoto se destacava, sobretudo, em momentos de extrema ebulição sem arredar, um só instante, dos seus desfraldados ideais, onde tripudiava em torno das supremas questões reinantes e dos preconceitos que medravam e robusteciam a árvore da discórdia no Cariri. Não era uma agitação demagógica e superficial.
A insurreição do Juazeiro estava, portanto, ancorada num projeto de emancipação que gradativamente se tornou inapelável. Longe estava o desejo de autonomia municipal de idéias débeis, volúveis, vacilantes ou estéreis. A força desse momento pode muito bem ser traduzida no arrebatado discurso do Pe. Alencar Peixoto, que ao exibir a flâmula do “ O REBATE” assim se manifestou:
“ Este Retalho de pano será a minha mortalha se porventura, na defesa do Juazeiro, eu morrer...”
Compreender este período é arrostar a realidade que cercou nossos antepassados, nossos heróis e todos aqueles que lidaram com a mudança, com a dinâmica da busca da novidade que engendraria as estruturas de um município em gestação.
Hoje, é um dever de todos os que aqui estão estabelecidos, continuar lutando para defender os interesses de Juazeiro. Honrar os nossos antepassados é não tergiversar diante da adversidade. É perceber, como os nossos heróis compreenderam, que o interesse coletivo agredido não pode ficar condicionado, apenas, à vontade do sistema, a interesses de uma restrita clientela, grupo ou partido; mas, sobretudo, à VERDADE, à JUSTIÇA, à LIBERDADE, à PAZ e à INDEPENDÊNCIA.
Paulo Machado
Membro da Comissão do Centenário